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Teresina, 11 de setembro de 2019

Como somos pessoas complicadas. Complexas. Estranhas. Confusas. Vivemos duas vidas (ou talvez mais) e tentamos conciliá-las sem se perder entre elas.
Existe a vida “real”, do dia-a-dia, dos trabalhos, dos estudos, dos relacionamentos complicados, das amizades distantes e dos vários problemas. E existe a vida do sonhos, fácil, de amores leves, de amigos para sempre, mas que criamos na nossa cabeça e torcemos para que vire realidade.
Parece tudo tranquilo, qual o problema de imaginar uma vida perfeita? Não seriam apenas motivações? Quem dera assim fosse, talvez o termo sonho crie esse ar de esperança ou talvez imaginamos assim para que a queda seja mais leve.
Na realidade, essa vida de “expectativas” é tão problemática quanto a real. Nela criamos imagens do que gostaríamos que as pessoas fossem, do que seria nossas vidas, do que seria nossos corpos. Fantasiamos algo que está além das nossas capacidades e esperamos que se tornem realidade. Porém, no fundo sabemos que foge do nosso controle
Talvez seja melancólico discutir isso, mas as quedas são menos duras quando enfrentamos. Tantos choros e tristezas poderiam ser evitados se esse mundo não existisse, se EU apenas vivesse aquilo que está ao meu alcance.
Criei uma vida paralela e me imaginei por anos nela. Elaborei casas, fiz viagens, conheci lugares lindos. Mas agora, depois de muito tempo, percebi que não é tão simples assim, nada é tão fácil. Nada é real.
Porém, o mais duro de tudo isso são as expectativas que criei sobre as pessoas, sobre o que elas são e o que representação para mim. Imaginei um amor gigante, ilimitado, um carinho sem fim, uma proteção descabida, um interesse sem medida para no fim perceber que a realidade está distante. O conflito entre entender o que sinto se mistura a dúvida do que os outros sentem por mim.
E aí está o mais pesado, não posso controlar isso, não posso pedir para me amarem mais, não posso pedir para não me deixarem, não posso pedir para ficarem, não posso pedir para retribuirem todo o amor que tenho porque, na verdade, ninguém é obrigado a isso. Fugiu da minha capacidade, está além de mim e, por fim, só me resta aceitar essa incerteza.
Me culpo frequentemente por isso, as pessoas são apenas pessoas, não podem ser usadas como bonecos na nossa imaginação. Não posso criar um homem perfeito e esperar que ele sempre seja assim, não existe, pessoas tem erros, falhas, problemas, assim como eu. Não posso esperar que uma amiga fique sempre ao meu lado quando na verdade a própria vida irá nos afastar.
Queria terminar de um jeito leve, mas ainda está difícil ver algo bom nisso tudo.

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